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TESTAMENTO VITAL

Posted by Cecília on 10:51
A elaboração de testamentos vitais já é uma realidade no nosso país. Vários portugueses já podem deixar escrito o seu desejo de não serem submetidos a tratamentos inúteis para prolongar a vida artificialmente, quando, numa fase terminal, não estiverem conscientes para manifestar essa vontade. Desta forma evitamos de deixar que sejam os nossos familiares a tomarem esta decisão tão difícil.
Estes testamentos vitais podem ser feitos por advogados e registados em notários.
Ainda não existe uma lei que regulamente esta prática, mas também não existe nenhuma que o proíbe.
Alguns hospitais particulares, já aceitam que os pacientes deixem por escrito um documento que mostra claramente a vontade da pessoa doente.
Mas falta a regulamentação para que o documento ganhe a força jurídica de um testamento. Em alguns casos, é acompanhado pela nomeação de um provedor de saúde - a pessoa que fica responsável por interpretar a vontade do doente.
O testamento vital, que já está instituído em vários países (nos Estados Unidos existe há 40 anos), é sempre facultativo e permite que um doente possa recusar tratamentos invasivos que lhe provoquem sofrimento, sem melhoria clínica, a ventilação mecânica ou mesmo a reanimação. Não é sinónimo de eutanásia, palavra que define a morte assistida por vontade do próprio doente.

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OVOS DE CHOCOLATE OU AMÊNDOAS ?

Posted by Cecília on 07:38
O melhor é comer das duas coisas, não tenham medo de prejudicar a dieta, comer algo doce de vez enquanto é um bom anti-depressivo, pois estimula a sensação de bem-estar. Por exemplo no caso do chocolate, este possui uma substância "feniletilamina" que também existe no nosso cérebro, e ela é libertada nos momentos em que nos sentimos particularmente felizes. Essa substância produz um efeito de felicidade. Se optar pelas amêndoas, estas para além das calorias :) devido ao açúcar que as envolve, também são um excelente fruto seco que nos fornece vitaminas E e B2, magnésio, fósforo, entre outras boas propriedades para a nossa saúde. Por isso nesta época festiva de paz e alegria, delicie-se!

Caros seguidores, desejo-vos uma Feliz Páscoa, aproveitem para fazer algo que lhes dê prazer em companhia dos vossos entes mais queridos!

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ENSAIO SOBRE MONET E MANET

Posted by Cecília on 13:19

DOIS GRANDES PINTORES IMPRESSIONISTAS FRANCESES

Por vezes, o entendimento das diferenças entre artistas, movimentos artísticos e técnicas é um pouco confuso. Neste ensaio, vou tentar estabelecer um padrão de comparação. O assunto que será a base da minha reflexão, é aquela que tem atormentado os historiadores de arte de todas as gerações: "Qual é a diferença entre Manet e Monet? Espero que, contrastando a vida destes dois grandes artistas, eu posso esclarecer essas diferenças e elucidar um pouco mais o público em geral.
Em primeiro lugar gostaria de definir o que é o impressionismo e o seu contexto histórico-artístico-cultural.

O IMPRESSIONISMO

O Ocidente, entre final do século XVIII e início do século XIX, é varrido por uma onda de revoluções liberais, políticas e industriais.
Toda esta situação vem provocar mudanças, principalmente ao nível político, verificando-se uma maior estabilidade, devido ao triunfo das democracias liberais europeias e à consolidação da burguesia.

Que episódios estavam a decorrem em França, após o Segundo Império (monarquia de Napoleão Bonaparte):
- a Guerra Franco-Prussiana (conflito armado entre a França de Napoleão III e um conjunto de estados germânicos liderados pela Prússia);
- o episódio da Comuna de Paris (primeiro governo operário da história, fundado na capital francesa por ocasião da resistência popular ante à invasão alemã, após a tomada da bastilha, marco inicial da Revolução Francesa).
Em 1871, chega a paz, assim como na Itália e na Alemanha.
Começa também a Revolução Industrial e sua expansão pelo mundo: consolidação das grandes indústrias, destacando-se a Inglaterra com a posição de supremacia neste processo.
Aparecimento das oposições, a saber, o Republicanismo, o Socialismo e o Anarco-Sindicalismo. Isto é, surgimento de ideias que reflectiam sobre as contradições de classes, entre trabalhadores e patrões (socialismo, anarquismo...).
Nesta fase da história, dá-se o triunfo da burguesia como classe social hegemónica e preponderante.

As cidades tornam-se símbolos da vida moderna, com os seus caminhos-de-ferro, novos processos de comunicação, novos meios de transporte. Também se verifica a intensificação da vida nocturna, sendo que as sociedades se tornaram mais optimistas e amantes do que é moderno. Ou seja, há uma urbanização intensa das principais cidades europeias.

Este período ficou conhecido como a “Belle Époque”, a França era um país sem muitos problemas. Entre 1875 e 1914, verificam-se, então, algumas alterações:

- Crescimento das cidades, tendo Paris como protagonista;

- Canalizações, esgotos, estações e mercados, bem como parques, boulevards e edifícios públicos (ópera) são algumas das obras realizadas;
- A iluminação vem permitir a circulação à noite, sendo, então, possível as exposições estarem abertas até mais tarde;
- Os cafés continuam a ser o centro da vida pública e das tertúlias artísticas e literárias.

Outras características deste período são o Capitalismo e a industrialização em ascensão, bem como o avanço das ciências e técnicas. São criações desta época o telefone, a electricidade, o cinema e a fotografia, grandes símbolos de Modernidade.Começam a organizar exposições universais, para apresentar as inovações. Paris torna-se assim o centro da vida artística e cultural ocidental.

Na arte verificaram-se diversas alterações, que mudaram o sentimento do artista perante a obra de arte e, também, perante a Arte em geral. Existe um afastamento da Arte em relação ao religioso e político, numa tentativa de aproximação ao indivíduo, enquanto criador e consumidor. Para tal, foi instalado um mercado de arte e estabelecido um círculo de críticos de arte.

Verifica-se uma revolução nas técnicas, nos objectivos. Acontece, então, o inédito. Surgem duas Tendências Artísticas:

- Por um lado, o conservadorismo académico, os que se diziam os guardadores da verdadeira arte.
- Por outro, os que desejavam inovar, os que estavam sujeitos à não-aceitação por parte dos académicos, mas que acabariam por se impor como corrente/escola e que viriam a ser a base da arte do século XX, o IMPRESSIONISMO.

O Impressionismo foi um movimento cultural surgido no século XIX na pintura, cujo nome derivou do quadro pintado por Claude Monet em 1872, intitulado: “ o nascer do sol”, que dá a impressão de um nascer do sol.

Este comentário foi tecido por Louis Leroy, amigo de Monet, que escreveu numa das suas críticas: "Impressão, Nascer do Sol -eu bem o sabia! Pensava eu, se estou impressionado é porque lá há uma impressão. E que liberdade, que suavidade de pincel! Um papel de parede é mais elaborado que esta cena marinha".

Inicialmente a expressão foi usada originalmente de forma pejorativa, mas Monet e seus colegas adoptaram o título, sabendo da revolução que estavam iniciando na pintura. A nova técnica consistia em utilizar pinceladas de pintura e muita cor. Algo inédito para a época!

QUEM FOI MONET?

Oscar-Claude Monet nasceu em Paris, França, 14 de novembro de 1840 e morreu em Giverny, 5 de dezembro de 1926.
Seu pai, Claude-Auguste, tinha uma mercearia modesta. Aos cinco anos, sua família mudou-se para Le Havre, na Normandia. Seu pai desejava que Claude continuasse no comércio da família, mas ele desejava pintar.
Em 1851, Monet entrou para a escola secundária de artes e acabou se tornando conhecido na cidade pelas caricaturas que fazia. Nas praias da Normandia, Monet conheceu, por volta de 1856, Eugène Boudin, um artista que trabalhava extensivamente com pintura ao ar livre nessas mesmas praias, e que lhe ensinou algumas técnicas ao ar livre.
Em 28 de janeiro de 1857, sua mãe morreu e, aos dezasseis anos, Monet abandonou a escola e foi morar com sua tia Marie-Jeanne Lecadre.
Estudos de arte
Em 1859, Monet mudou-se para Paris. Frequentava muito o museu do Louvre onde copiava os grandes mestres.
Em 1861, ele foi obrigado a servir no Exército na Argélia. Sua tia Lecadre concordou em conseguir sua despensa do serviço caso Monet se comprometesse a cursar Artes na universidade. Ele deixou o exército, mas não lhe agradou o tradicionalismo da pintura académica.
Decepcionado com o ensino da pintura académica na Universidade, em 1862 ele foi estudar artes com Charles Gleyer em Paris, onde conheceu Pierre-Auguste Renoir, Frédéric Bazille e Alfred Sisley. Juntos desenvolveram a técnica de pintar o efeito das luzes com rápidas pinceladas, o que mais tarde seria conhecido como impressionismo.

Carreira artística

Dois anos após conhecer Bazille, eles foram morar juntos em Honfleur. Em 1865, ajudado por seu pai, Monet e Bazille alugaram um pequeno estúdio em Paris. No mesmo ano, Monet entraria para o Salão oficial de Paris com duas telas: "Estuário do Sena" e "Ponte sobre Hève na Vazante".
No ano seguinte, Monet novamente expôs duas telas no salão de Paris: "Camille" ou "O vestido verde" e "A floresta em Fontainebleu". A tela "O vestido verde" recebeu grandes elogios por parte dos críticos e ganhou um prêmio no salão de Paris. Em "Camille", Monet retratou Camille Doncieux, que se tornaria sua futura mulher. No ano de 1867, Monet tentou inscrever a obra "Mulheres no Jardim" no Salão, que não a aceitou. A tela era tão grande que ele construiu uma vala para poder enterrar a parte inferior e atingir a parte superior da tela ao pintar. No mesmo ano, Monet e Camille teriam seu primeiro filho, Jean.
Em 1868, Monet entrou em dificuldades financeiras, teve um quadro inscrito no Salão de Paris, "Navio deixando o cais de Le Havre", que recebeu uma crítica negativa. Recebeu, no mesmo ano, medalha de prata na Exposição Marítima Internacional de Le Havre pela tela "O molhe de Le Havre".
Em 1870, Camille e Monet se casaram três anos após o nascimento do primeiro filho do casal. No mesmo ano, com o início da guerra franco-prussiana, Monet e sua família se refugiaram em Londres. De volta à França e com o pai já morto, refugiar-se em Le Havre não o atraía mais, por isso Monet mudou-se para Argenteuil, onde passou a receber seus amigos impressionistas (Manet, Renoir, Sisley e outros). Na cidade, o rio Sena e as belas paisagens serviram de inspiração para numerosos quadros de Monet e seus amigos que puderam pintar ao ar livre.
Foi em 1872 ele Monet pintou a impressão do nascer do sol (“Impression: Soleil Levant”, atualmente no Museu Marmottan de Paris), uma paisagem do Havre, exibida na primeira exposição impressionista de 1874.

Em 1878, Monet mudou-se para Paris com a família devido a crise financeira. No mesmo ano, nasceria seu segundo filho, Michel. Em férias com o casal Hoschédé, Monet acabou apaixonando-se pela mulher do Sr. Hoschédé, Alice. Um ano depois, Camille Doncieux morreu de cancro aos trinta e dois anos de idade.

Em 1883, Monet mudou-se para Giverny, na Normandia. Monet trocava correspondência com Alice até a morte de seu marido em 1891. No ano seguinte ele e Alice Hoschédé casaram-se.
Na década após o seu casamento, Monet pintou uma série de imagens da Catedral de Rouen em vários horários e pontos de vista diferentes. Vinte pinturas da catedral foram exibidas na galeria Durand-Ruel em 1895. Ele também fez uma série de pinturas de pilhas de feno.
Em 1899, Monet pintou em Giverny a famosas série de quadros chamadas "Nenúfares". Em sua propriedade em Giverny, Monet tinha um lago e uma pequena ponte japonesa que inspirou a série de nenúfares. Estas obras quando foram expostas fizeram grande sucesso. Era o reconhecimento tardio de um génio da pintura.

Monet ao pintar Nenúfares se baseou no lago e a ponte japonesa de sua própria casa, no Outono, porque era nessa época do ano em que as flores caiam sobre o lago criando uma linda visão na qual Monet resolveu pintar. A técnica de Monet para pintar quadros era bastante peculiar para as pessoas e outros artistas que o viam pintando, mas a técnica de Monet desenvolvia na época foi considerada mais tarde como umas das belas do mundo, que é o impressionismo que aparenta ser de perto apenas borrões mas ao distanciar a visão, o quadro se forma nitidamente.

Morte

Monet teve uma catarata no fim da sua vida. A doença o atacou por causa das muitas horas com seus olhos expostos ao sol, pois gostava de pintar ao ar livre em diferentes horários do dia e em várias épocas do ano, o que foi outra característica do Impressionismo. Durante sua doença Monet não parou de pintar, - usou nessa época de sua vida cores mais fortes como o vermelho-carne e vermelho goiaba, cor tijolo, entre outros vermelhos e cores mais fortes.
Em 1911, com o falecimento de Alice e seu problema de visão, Monet perdeu um pouco a vontade de viver e pintar. Sua vontade só seria animada com a amizade de Georges Clémenceau, que lhe escrevia cartas de apoio.
Monet morreu em 1926 e está enterrado no Cemitério da Igreja de Giverny, Eure, na Haute-Normandia.

Obras

Eglise de Vétheuil, na tradução portuguesa Igreja de Vétheuil, é uma célebre pintura de Claude Monet. Realizada a óleo sobre tela, em 1879, alguns anos após a «explosão» impressionista no Salon, e pertence actualmente à colecção do Museu de Orsay. No Verão de 1878 a família, agora com mais um membro, Michel, instala-se numa pequena casa nas margens do Sena, em Vétheuil. Arruinados, os Hoschedé juntam-se a eles. Monet e a família permaneciam numa situação financeira quase insustentável. Monet já nem crédito tinha dos fornecedores. Enviava dia após dia cartas a Manet, a Durand-Ruel e outros amigos seus pedindo dinheiro. Porém, no Outono, alguns dias de sol restabeleceram em Monet a coragem de pintar. Do seu célebre barco-atelier, ele pinta a margem e a pequena vila com a sua igreja românica. Esse é o tema desta obra, que é uma das mais significantes dos finais de 1879. Para além de uma situação financeira precária, deixou consigo os dois filhos Camille, a sua esposa, que faleceu a 5 de Setembro de 1879. Monet entrou em desespero, amaldiçoou-se a si e à sua obra. Num grito de desespero Monet pinta o último retrato da verdadeira musa do impressionismo, desta vez, no seu leito de morte. Camille Monet sur son lit de mort é a tela mais significante deste período. Nessa tela, e a partir daí, as pinceladas de Monet tornam-se confusas, desregradas, furiosas e vibrantes, revelando todo o seu sofrimento pela perda da sua única modelo até então e, mais que tudo, da sua companheira afectiva. Nesta obra, o pintor francês, a margem do Sena e os telhados e árvores da pequena povoação de Véthueil cobertos de neve, surgem com a mesma sensação. Os traços surgem abruptamente, vibrantes. As cores, que variam entre o castanho e uns resquícios de vermelho e contrastam com o branco da neve e os tons oliva das águas do Sena, parecem rodopiar pela tela sem nenhuma direcção concreta. O quadro retrata uma quase total ausência de vida. Mesmo com uma situação financeira desesperante, anteriormente à morte de Camille sentia-se uma pudica alegria nas telas do artista. Agora, não. E esta é um grande testemunho de um dos períodos mais difíceis da vida de Monet. O quadro acasala em perfeição com o sentimento de dor e fúria de Monet e isso exprime-se a cada passagem, a cada pincelada. Mais tarde, diria Rodin, «Este é o verdadeiro Monet».


Banhistas na Grenouillière (fr: Bain à la Grenouillère) é um célebre óleo sobre tela do impressionista francês Claude-Oscar Monet, datado do Verão de 1869. Este quadro foi pintado por Claude Monet no Verão de 1869, aquando da sua estadia em Bougival. No Verão de 1869, Monet e a sua esposa e filho fixaram-se no local, perto de La Grenouillère. Trabalhando lado a lado com Pierre-Auguste Renoir, Monet pintou preferencialmente este tipo de cenas pouco quotidianas, mas muito populares na sociedade parisiense. Hoje, a tela encontra-se na National Gallery of London, em Londres, no Reino Unido O tema principal da pintura são os banhistas no Sena, em Bougival. Entretanto, Monet fez também referência a outros elementos. Esta pintura reflecte o gosto popular pelos passeios de barco e pelos banhos de rio e faz elegante referência aos conhecidos cafés-fluviais do rio Sena. Todavia, a cena representada passa-se, não em Paris mas sim nos seus arredores, mais precisamente em Bougival, local muito popular entre os impressionistas da França e muito retratado pelos mesmos. Monet, anos antes de 1869, havia sido aluno de Eugène Boudin e até foi este que o aconselhou na pintura fora do atelier. Certo dia, Boudin referiu que a pintura ao ar livre, sem paredes por perto, nos dava uma liberdade estupenda e, enquanto num atelier o pintor tem tendência a modificar ecleticamente as suas obras, de forma a que estas se tornem mais prudentes e prodigiosas entre a sociedade, na pintura ao ar livre o pintor ganha liberdade e não faz senão aquilo que vê na sua frente, perante os seus olhos.
Monet começou a seguir este conselho e começou a pintar fora do atelier. A partir daí, a sua obra aparece magnânima e revitalizada, fresca e pintada directamente sem detalhes substanciais, que faria se pintasse num atelier! Este quadro, porém, vai ainda mais além disso e, tal somente se consegue na perfeição em telas de grandes tamanhos.
Esta é sem dúvida uma das melhores e mais excepcionais obras de Claude Monet e há que fazer ainda referência à exímia paleta de cores e a um particular interessante: mediante a longevidade do elemento pintado, maior é a sua distorção, ou seja, enquanto nos barcos atracados na margem do Sena são visíveis até alguns pormenores e o cascos têm-se detalhados, as pessoas que passam na ponte e, melhor exemplo, as árvores e os banhistas no fundo da composição, surgem quase «deformados», distorcidos, sem o mínimo detalhe.
As cores da água e os efeitos luminosos nesta foram por Monet excelentemente retratados, o que mostra a sua extrema maturidade e experiência a nível da cor e o seu conhecimento sobre esta.
É por estes factos que Claude Monet é considerado o melhor dos impressionistas, e nem o seu antigo mestre, Boudin, conseguiu ir tão longe no estudo dos elementos da pintura.



“Coin d'atelier”, na tradução portuguesa Canto de atelier. Realizada a óleo sobre tela em 1861, a tela integra a colecção do Museu de Orsay, em Paris, e marcou a fase inicial da carreira de pintor de Monet.
Dotado de uma percepção espacial e luminosa invulgar, Claude Monet, manifestou desde cedo interesse pela pintura e pelas artes na sua generalidade. Quando olhamos para esta pintura de 1861, quando o artista ainda estava somente a explorar a sua capacidade artística, percebemos várias coisas. Monet esforçou-se para representar as cores húmidas da caixa de pincéis e a tinta pastosa que consome a madeira da paleta, o veludo baço da boina vermelha, a lombada usado dos velhos livros e as partes metálicas das armas, sob um excêntrico e sumptuoso papel de parede. É claro que não atingiu a perfeição de uma “Impression: soleil levant”, mas, neste início de carreira, e observando a natureza-morta, percebemos qual o verdadeiro projecto de Monet: a luz. A obra impõe-se claramente na sua juventude. A paleta varia entre os restos de verde, vermelho, amarelo e preto, compondo uma exuberante composição temática, cuja ênfase seria muito menor sem o papel de parede. Este representa uma ribeira e as suas margens e conferem um exotismo mútuo de uma ponta à outra da tela. Destaca-se da composição a mesa de madeira torneada, que surge em primeiro plano, e parece sair da tela. Com uma importância notável na carreira artística de Monet, a obra é muitas vezes ignorada.


"Femme assise sur un banc", na tradução portuguesa Mulher sentada num banco. Realizada a óleo sobre tela em 1874, a obra está exposta na National Gallery, em Londres, Reino Unido, por empréstimo da Tate Gallery. Exemplar impressionista, a pintura concebida dois anos após a realização do maior marco da carreira de Monet, Impression, soleil levant, tem um tema peculiar representado de maneira peculiar, neste período da vida do artista. O observador da pintura contempla-se com a imagem de uma mulher ainda jovem, sentada de pernas elegantemente traçadas num banco de jardim, resguardada da luz pela sombra das árvores que a sucedem na composição. O que torna a pintura peculiar é que este tema «mulheres no jardim» já tinha sido explorado na fase inicial de Monet, em meados da década de sessenta. A tela representou para o pintor um revisitar do tema e do seu próprio passado artístico. Acontece que, nessa época, as telas exibiam articulações e detalhes realistas, sorvidos de Manet. Basta reparar em “Femmes au jardin”. Nesta pintura isso não acontece. Monet insurgia-se contra as marés da sociedade, que remavam em oposição à modernidade, e impunha o seu próprio estilo. Essa é grande marca de Monet, algo visível neste quadro. A modelo, que foi também a primeira esposa de Claude Monet e a musa do impressionismo, Camille Monet, era de facto uma modelo profissional, que chegou a posar para vários outros artistas, incluindo Degas.
Provavelmente, esta pintura foi realizada no Verão de 1874 em Argenteuil. O fundo assemelha-se a uma estampa japonesa, e é nesta tela que Monet começa a exprimir o interessa pelo estilo japonês, em voga na época. O exercício tonal também é frenético e o traço do pintor é seguro e muito ágil. O quadro tem uma estética quase explosiva no segundo plano, frenética e brilhante, que vai acalmando à medida que se chega ao centro da tela. A modelo transparece paz e reverência, com uma expressão serena e subtil, contrasta com o resto da composição. A pintura pertence à Tate Gallery mas está exposta, através de um empréstimo, na National Gallery.


“Femme en blanc au jardin”, cuja tradução portuguesa é Mulher de Branco no jardim ou somente Mulher no jardim, é uma pintura do impressionista Claude Monet. Datado de 1867, é um óleo sobre tela, actualmente conservado pelo Museu do Hermitage, em São Petersburgo, na Rússia. O quadro retrata uma mulher vestida de branco, sob a sombra do seu guarda-sol, de pé sobre a relva de um jardim, apreciando as flores. A tela exibe uma rica paleta de cores, baseada no verde, e um domínio soberbo sobre a luz e a conjugação desta com os elementos naturais. A modelo do quadro é Marguerite Lecadre, prima do artista, e o jardim pertence à casa da modelo, em Havre, onde Monet e a família estavam hospedados e onde, dez anos antes, em 1857, tinha falecido a mãe de Monet. A pintura é uma das mais célebres deste período de Monet, cujo interesse se voltava para mulheres em convívio no jardim. “Femmes au jardin” antecede esta pintura, e as duas antecedem o Impressionismo, criado em 1873. Neste quadro notam-se vagas passagens características da técnica impressionista que Monet exploraria após a formação oficial do grupo. Datado de 1866-1867, é um óleo sobre tela e, actualmente, pertence à colecção do Museu de Orsay, onde estão expostas algumas das maiores obras-primas do impressionismo e do realismo.
O quadro retrata o quotidiano burguês de quatro senhoras, que ocupam a sua manhã a colher flores no jardim, sob a sombra das árvores. Nesta cena primaveril, é notável a habilidade de Claude Monet na representação do traje feminino. No quadro o artista também explora intensamente a luz.
O quadro foi relativamente bem recebido no Salon, ao contrário de “Impression: soleil levant”, apresentado ao público anos mais tarde. Este quadro é um óleo sobre tela, datado de 1872 (mas provavelmente realizado em 1873), que representa o nascer da matina no porto de Havre, com uma cerrada névoa sobre o estaleiro, os barcos e as chaminés no fundo da composição . Está exposta no Museu Marmottan. No quadro, antes de tudo, consegue imaginar-se fielmente uma grelha por detrás da pintura, que Monet terá utilizado, sobre a qual, solidamente, são sobrepostas pinceladas de tinta sem grandes misturas, ou seja, as tintas originais. A sobreposição de cores originais, cruas, sem misturas, é uma grande característica da técnica impressionista, continuada a partir do momento em que os espectadores e os artistas se deram conta de que conseguiam obter resultados mais próximos da realidade.

“Les bateaux rouges”, na tradução portuguesa Barcos vermelhos. Pintura realizada a óleo sobre tela, nos arredores de Argenteuil em 1875, pertence ao espólio do Musée de l'Orangerie, em Paris. O tema é regular na obra de Monet, representando o quadro alguns barcos atracados em Argenteuil, entre eles dois barcos vermelhos. É uma tela de técnica puramente impressionista, pintada no mesmo ano em que concebeu Madame Monet em trajes japoneses e, se comparadas as duas telas, embora com temas distintos, têm um particular em comum: o vermelho. Isto está indirectamente relacionado com a invasão da Europa pelo excêntrico estilo japonês, que colocou em voga o vermelho, que até então estava um pouco abandonado. Em ambas as telas o pintor coloca a quantidade certa de vermelho na pintura, ligando-o ritmicamente com a restante composição. Nesta obra, o vermelho sobressai no casco dos barcos de pesca e no reflexo na água, salpicada de um verde lodoso.

A composição mistura tons frios com tons quentes, ambos muito diferentes, mas também pintados de uma forma frenética, que faz com que o olhar do espectador seja controlado pela cor vermelha.
As cores parecem ganhar vida e rodopiar, respeitando uma grelha imaginária colocada por Monet nas suas telas, tornando as formas um pouco simétricas.
O Japão só se abriu ao Oriente em meados do século XIX. Nesta altura, cerca de 1875, era já uma moda. O Ocidente, principalmente a Europa - que firmemente ditava as modas, não só no continente, como no resto do mundo ocidental -, havia deixado de lado a influência chinesa. A “chinoiserie” era já um marco do passado. Com a abertura do Japão ao mundo ocidental, notou-se uma instabilidade cultura em que se potenciavam, no Japão, as influências ocidentais (principalmente as dos EUA), e, na Europa, as influências japonesas. Terá sido uma excêntrica troca de culturas.
As estampas japonesas, cujos motivos de excelência se contavam entre montanhas e o oceano, mas todas pautadas por um notável encadeamento rítmico, influenciaram os pintores da época, e Monet não fugiu à regra. Mais tarde, a pintura perturbada e perturbante de Vincent van Gogh viria a reflectir mais claramente este gosto orientalista.
A esta moda sacrificou-se Monet, quando pintou “La Japonaise”. A modelo é a esposa de Monet, Camille. Trajada com um magnifico kimono bordado até ao mais ínfimo pormenor, cujas orlas bordadas em relevo parecem animadas, vivas, Camille posa para Monet voltada para o pintor. A modelo abana, com uma suavidade e leveza reforçada pela palidez das mãos e do rosto, um leque tricolor (cujas cores são iguais às da bandeira francesa) e olha o espectador com um terno olhar sedutor.
A luz incidente nos seus louros cabelos faz jus à luz adjacente dos bordados dourados. Contudo, não são verdadeiros. Camille usa uma peruca.
Ao fundo, numa parede de tons oliva, também em voga na altura, estão dispostos vários leques, espalhados ao acaso. Um quadro que reflecte o gosto da época.


“Nenúfares” é um óleo sobre tela, pintado no ano de 1904, nos arredores de Paris. Foi vendido no dia 19 de Junho de 2007 na Sotheby's, em Londres a um comprador anónimo por 26 milhões de Euros[1], o terceiro mais alto valor de sempre de um Monet. O quadro retrata os nenúfares no lago do jardim do pintor, em Giverny. A tela é um testemunho vivo da busca pela perfeição de luz de Monet, nos seus trabalhos. A paleta de cores é exuberante, variando entre verdes, castanhos, azuis e rosas esquiços ou salmão, remetendo-nos para o início da matina, o nascer do sol. Na água do lago estão patentes perfeitos reflexos das árvores, que rodeiam o lago de Giverny.
Esta tela pertence à célebre série de pinturas do mesmo nome que o presente trabalho: Nenúfares. Esta é talvez o melhor trabalho pertencente à série, e é considerado um dos mais prodigiosas pinturas concebidas por Monet.
Ao contrário de algumas das telas da mesma série, esta não exibe qualquer vestígio de movimento. Pelo contrário, o lago e os seus nenúfares parecem estáticos, imóveis. As cores e o jogo luminoso remetem o espectador para o nascer da manhã, no jardim do pintor, muito frequentemente retratado pelo impressionista.


“Nature morte avec melon”, na tradução portuguesa Natureza-morta com melão, pintura a óleo sobre tela em 1872, é uma natureza-morta, das poucas que se conhecem na temática de Monet. Integra a colecção do Museu Calouste Gulbenkian no nosso país, mais concretamente em Lisboa!
A pintura, realizada em 1872, ano de que é datado “Impression: soleil levant”, embora se pense que este foi concebido no ano seguinte, possivelmente terá resultado da inspiração em Henri Fantin-Latour.
Latour procurou representar de forma clássica, académica, o tema, mas Monet, encontrando paralelo noutro pintor com apelido parecido, Manet, preferiu incorporar a sua própria apreciação e um conteúdo subjectivo intencional ao objectos inanimados.
As formas esféricas e circulares sucedem-se estruturadamente na pintura. Os frutos estão pautados por um encadeamento rítmico e cromático subtil com os objectos de porcelana chinesa dispostos sobre uma toalha branca, mantendo uma coerência plástica. Através de um jogo de luz sublime, Monet raspa a pintura ao ar livre, tão apreciada por si, por Boudin - que teve uma importância fulcral na carreira artística e na obra de Claude Monet - e pelos outros impressionistas. A luz que invade a superfície da tela e dá asas para imaginar um amanhecer, conferindo à obra de Monet uma percepção diferente do comum.
Esta é uma obra rara pois poucas naturezas-mortas são conhecidas de todo o trabalho de Monet, e ainda mais sendo desta época, pois Monet só se começou realmente a interessar pelo estilo em meados de 1880, meio ano após a sua esposa, Camille Monet, ter falecido.


“Le Bassin aux Nymphéas” é também um óleo sobre tela, pintado no ano de 1919, em Giverny.
O quadro foi criado quando Monet já estava quase cego. No jardim desta sua casa, onde morreu, existiam os nenúfares que ele reproduziu em vários dos seus quadros.
Foi vendido no dia 24 de Junho de 2008 na Christie's, em Londres por 40,9 milhões de libras (51,6 milhões de euros), batendo o recorde mundial para uma obra de Monet!

COMO MONET CONHECE MANET?

Manet é 6 anos mais novo que Monet, ambas viviam em Paris e frequentavam os mesmos sítios.
O Jardim das Tulherias, na capital francesa, originalmente fazia parte da grande extensão do Palácio Imperial, incendiado em 1871 como resultado do confronto final da Comuna de Paris. Projetado no século XVII pelo arquitecto André Le Nôtre, jardineiro real de Luís XIV, atualmente compõe a paisagem da margem direita do Rio Sena que vai do Museu do Louvre à Praça da Concórdia, de onde parte a Avenida Champs-Elysées.

Monet pintou várias paisagens desse jardim, assim como Édouard Manet (Música nas Tulherias, 1862) e outros de seus amigos.

O Jardim das Tulherias foi assim o cenário da vida burguesa parisiense na segunda metade do século XIX, substituindo o Palais Royal. Théodore Duret, amigo de Manet, disse em uma carta: “(...) o Palácio das Tulherias, sede da corte imperial, era um centro da vida luxuosa, que se estendia para os jardins. A música ali executada duas vezes por semana atraía uma multidão cultivada e elegante”. Para lá Manet se dirigia “todos os dias, das duas às quatro; fazia estudos ao ar livre, sob as árvores, das crianças que ali brincavam e dos grupos de amas atiradas nos bancos. Charles Baudelaire costumava acompanhá-lo”. É no jardim das Tulherias que Monet e seus jovens amigos se encontram com Édouard Manet, o que virá a ser o mestre de todos.


QUEM FOI EDOUARD MANET?

Edouard Manet também é francês de Paris, nasceu em 23 de janeiro de 1832, e morreu na mesma cidade a 20 de abril de 1883.
O seu pai, Auguste, era um alto funcionário do Ministério da Justiça e descendia de uma ilustre família burguesa da capital francesa. A Sra Manet (cujo sobrenome de solteira era Fournier) era filha de um diplomata francês na Suécia. Manet tinha dois irmãos mais novos: Eugène e Gustave. Apesar da educação austera, Manet pode descobrir o mundo artístico graças a um tio, o capitão Édouard Fournier, que levava Édouard e seu irmão Eugène às galerias do Museu do Louvre para admirar os grandes mestres.

Aos 12 anos, Édouard foi enviado ao colégio Rollin (hoje liceu Jacques Decour), perto de Montmartre. Na escola, Édouard foi decepcionante era pouco aplicado e um pouco insolente.

Os péssimos resultados obtidos por Édouard na escola fizeram sua família repensar nas ambições nutridas no filho primogénito, a família queria que Manet estudasse direito. Cientes que Édouard não tinha vocação para uma carreira jurídica seus pais não se opuseram ao seu desejo de tornar-se marinheiro. O primeiro fracasso ao tentar entrar na Escola Naval fez com que Édouard só entrasse para carreira de uma maneira menos nobre: pelo trabalho. Em dezembro de 1848, Édouard embarcaria no barco-escola "Havre et Guadeloupe" para o Brasil como um simples marinheiro. Se esta experiência não confirmou que Édouard não tinha vocação para a marinha lhe trouxe uma grande experiência. Foi no Brasil que ele desenvolveu um certo gosto pelo exótico, pelas mulheres e desenvolveu uma repulsa ao escravismo. De volta a França em junho de 1849, Manet novamente fracassaria ao tentar entrar para Escola Naval.
Estudos de Arte
"O Bebedor de Absinto"Após os seguidos fracassos ao tentar entrar para Escola Naval, Manet consegue apoio de seus pais para estudar no ateliê do pintor e mestre Thomas Couture, onde ficou por seis anos. Thomas Couture tinha um estilo académico, estudou na École des Beaux-Arts de Paris ("Escola de Belas Artes"), suas mais conhecidas obras foram "Os Romanos" e "A decadência".

Durante seis anos, Manet procurou aprender as bases técnicas da pintura e fez cópias de obras expostas no Louvre (cópias de obras de Ticiano, Velazquez, Tintoretto e Delacroix). Manet completou seu aprendizado viajando e conhecendo museus de outros países euporeus (Itália, Holanda, Alemanha, Áustria e outros). Em uma das viagens à Itália, Manet copiaria "Vênus de Urbino" de Ticiano que seria sua inspiração para fazer anos depois "Olympia".

Em 1852, Manet teve um filho ilegítimo com Suzanne Leenhoff. Suzanne tinha origem holandesa e era professora de piano. O pai de Manet se opôs ao casamento do dois que só aconteceu depois que o Sr. Manet morreu.

No ano de 1856, Manet deixou o atelier de Couture por divergências artísticas. Segundo Couture, Manet não tinha tons intermediários entre a luz a e sombra. Para Manet, esses tons intermediários debilitava a sombra e a luz portanto ele acabava usando cores quase puras.

Algumas das suas obras:


O Cantor Espanhol

Em 1859, Manet envia o seu primeiro trabalho ao Salão de Paris ("O Bebedor de Absinto"), obra realista influenciada pelas obras do pintor Gustave Courbet e também pela obra Menippe de Diego Velázquez. A obra foi recusada pelo Salão. O júri não estava aberto ainda para novas ideias. A imagem do bebedor apareceria em outro quadro de Manet, "O velho músico" de 1862.
Após o abandono do ateliê de Couture, Manet tinha um certo fascínio pela arte da Península Ibérica. Entre as suas obras da época estão: "Lola de Valência" (que retrata uma dançarina em trajes espanhóis tradicionais), "O Cantor Espanhol", "Jovem Homem em costume de Majo", "Bailado Espanhol" e "Mile V. em costume de espada" (cuja modelo foi Victorine Meurent vestida de toureiro). Estes dois últimos expostos no Salão dos Recusados de 1863. o Seu período hispânico era influenciado pelas obras de Diego Velázquez.
Victorine Meurent teria um papel importante na obra de Manet, ele a conheceu durante seus estudos com Couture e a partir deste momento ela se tornaria uma modelo frequente de suas obras.
O quadro "O Cantor Espanhol" foi seu primeiro quadro exposto ao Salão de Paris em 1861 junto a obra "Retrato de Sr. e Sra. Auguste Manet" (um retrato de seus pais). O "Cantor Espanhol" ganhou destaque na exposição pelas suas cores vivas e ganhou menção honrosa.


“Déjeuner sur l’herbe” (Almoço na relva).

Esse quadro foi um escândalo após ser pintado. Mas o génio deu grandes colaborações à arte de pintar pela singeleza, aptidão e ousadia. Os gostos de Manet não vão para os tons fortes utilizados na nova estética impressionista. Prefere os jogos de luz e de sombra, restituindo ao nu a sua crueza e a sua verdade, muito diferente dos nus adocicados da época. O trabalhado das texturas é apenas sugerido, as formas, simplificadas. Os temas deixaram de ser impessoais ou alegóricos, passando a traduzir a vida da época, e, em certos quadros, seguiam a estética naturalista de Zola e Maupassanat. Manet era criticado não apenas pelos temas, mas também por sua técnica, que escapava às convenções académicas. Frequentemente inspirado pelos mestres clássicos e em particular pelos espanhóis do Século de Ouro, Manet influenciou, entretanto, certos precursores do impressionismo, em virtude da pureza de sua abordagem. A esta sua liberação das associações literárias tradicionais, cómicas ou moralistas, com a pintura, deve o fato de ser considerado um dos fundadores da arte moderna.


"Olympia"

"Olympia", pintada em 1863 mas só apresentada ao público em 1865, causou reações contrárias mais fortes do que "Almoço na relva". Era um retrato de uma jovem prostituta nua e havia uma referência audaciosa à obra de Ticiano (Vênus de Urbino). A modelo novamente foi Victorine Meurent retratada nua e aos seus pés um gato negro ao invés de um cachorro como no quadro de Ticiano. Em uma atmosfera erótica havia também falta de perspectiva (técnica onde se vê o tamanho certo dos objetos em relação a distância).


O tocador de Pífaro

Neste mesmo ano o pai de Manet morreria e ele acabaria se casando com Suzanne Leenhoff pouco após a morte dele. Suzanne foi retratada em muitos quadros de Manet entre eles "A ninfa surpresa" (de 1861), "A leitura" (de 1865) e "Suzanne Manet em seu piano" (de 1867). Manet tinha tido um filho com Suzanne, Léon Leenhoff, mas jamais reconheceu sua paternidade. Léon também posaria para vários quadros entre sua infância e adolescência, entre eles "As bolas de sabão" (de 1867) e "O almoço no Ateliê" (de 1868). Este último presente na exposição do Salão de Paris de 1869.
No ano de 1867, "O tocador de Pífaro" foi recusado no Salão Oficial de Paris. Fato que fez com que Émile Zola escrevesse uma artigo no L’Événement defendendo a tela (Zola seria retratado por Manet em 1868, quadro que foi aceito no Salão do mesmo ano). No ano seguinte, 1867, após ser excluído do Salão Internacional, promoveu com seu próprio dinheiro uma exposição de suas obras, mas, sem sucesso de público, a exposição foi um fracasso.


A execução de Maximiliano, obra de 1867

No mesmo ano ele pintou "A execução de Maximiliano", uma obra de indignação em relação à morte de Maximiliano de Habsburgo abandonado por Napoleão III no México. Manet trabalhou mais de um ano na produção de uma grande tela histórica e comemorativa. O resultado é claramente inspirado em "Três de Maio" de Goya mas com um resultado totalmente diferente.
Em 1868, Manet entraria para o Salão Oficial com "Retrato de Émile Zola" e "Mulher com papagaio". A partir deste ano, ele passaria seus verões em Boulogne-sur-Mer, cidade litorânea francesa da região de Pas-de-Calais. Lá ele realizaria algumas marinhas entre outras como "Clarão da lua sobre o porto de Boulogne" e a "Partida do Vapor Flokestone" ambas de 1869.
No salão de 1869, colocou duas obras no Salão Oficial: "O balcão" e "Almoço no Ateliê". "O Balcão" que não foram bem recebidos pelos críticos pela sua falta de perspectiva. Neste quadro aparece a figura de Berthe Morisot, jovem pintora que ao conhecer Manet no Louvre tornou-se uma grande amiga e acabou sendo retratada em vários de seus quadros. Berthe acabou casando-se posteriormente com o irmão de Manet, Eugène. Entre os quadros mais famosos em que Berthe foi modelo estão o "Berthe Morisot de Chapéu Preto" e " Retrato de Berthe Morisot reclinada" ambos de 1872, além de "O balcão".
Em 1870, com a guerra franco-prussiana, Manet levou sua família a fronteira da Espanha e alistou-se na Guarda Nacional. Ele passou o ano de 1874 em Bennevilliers perto de Argenteuil onde seus amigos Monet e Renoir estavam na maior parte do tempo pintando ao ar livre. Ao visitar Monet em Argenteuil, Manet e ele sairam de barco pelo rio Sena para pintar. Desta época entrou para o salão de 1875 seu quadro "Monet em seu barco estúdio". Em 1876, Manet faria uma exposição particular com muito sucesso.
No ano de 1881, Manet ganharia o direito de participar permanentemente do Salão Oficial sem julgamento prévio. Em 1882 Manet apresentou seu último quadro pintado "Bar em Folies-Bergère" no Salão de Paris.

DIFERENCES ENTRE UM ARTISTA E OUTRO

Monet dizia: "Quando saio para pintar, tento esquecer o que os objectos”, preferindo pintar o todo. Nos seus quadros não conseguimos procurar os detalhes. A maioria das suas obras são paisagens pinceladas de cor.
Já Manet preferiu pintar de vida - em outras palavras, com seu modelo na frente dele. Daí a grande quantidade de retratos que ele pintou, provocando a sociedade com os nus.
As diferenças entre os dois artistas também são inerentes à exposição. Ao contrário de Monet, Manet não tinha grande amor aos comboios ou estações de trem. Monet fez várias pinturas a partir de St. Lazare, enquanto Manet pintou apenas uma pintura, mesmo perto da estação ferroviária. (Mesmo que seu estúdio foi dentro de cuspir distância da estação.) Certa vez, ele propôs uma pintura da locomotiva e sua tripulação, mas uma vez ficou claro que ele estava mais interessado em que a tripulação da locomotiva, o projecto fracassou. Manet sempre preferiu as pessoas para os objectos.
Monet, por outro lado, montou seu cavalete, entre as caixas, bagagens, agitação e azáfama da estação ferroviária e, em seguida, esperou pacientemente por aqueles ou aquilo que pode estar obstruindo a sua visão de se mover. Na verdade, parece que o fascinou Monet tanto quanto qualquer coisa sobre St. Lazare não era o comboio ou a estação em si, mas as nuvens, não no céu, mas as nuvens de vapor e fumaça subindo da maquinaria pesada dentro do vidro estrutura de telhado. Aqui, entre esta fuligem, confinado atmosfera estava pintando uma nova forma de matéria, que nunca haviam sido tratadas por um outro artista antes.

Concluindo de uma forma humorística, digamos que Monet pintou os comboios e Manet pintou as pessoas que iam neles!

Referência Bibliografíca:

Apontamentos da cadeira "Cultura Francesa", 3ºano, da Licenciatura em Ensino do Português/Francês, administrada na Universidade do Minho, no ano 2001, pela a ExªSrªDoutora Manuela Carrilho.

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